Na transição de um ano para o outro, muitos de nós estabelecemos metas ambiciosas, almejando concretizar conquistas ao longo dos próximos 12 meses.
Contudo, frequentemente nos vemos presos à zona de conforto, hesitantes diante das mudanças necessárias para realizar esses objetivos. Por que essa procrastinação persistente ocorre e qual é a explicação neurocientífica por trás dela?
Primeiramente, a procrastinação é identificada como o ato de adiar tarefas, objetivos e mudanças, uma prática comum nos seres humanos. Essa tendência é atribuída a instruções instintivas presentes em nosso código biológico, destinadas à sobrevivência. Segundo o Nobel de Economia de 2002, Daniel Kahneman, em conceito sobre Aversão a Perda, somos programados para buscar o prazer e evitar a dor, sendo a dor 1,5 a 2,5x mais forte que a motivação para buscar o prazer.
Ou seja, cada ação que fazemos está intrinsecamente ligada à busca do prazer. No entanto, as realizações significativas exigem esforço e dedicação, resultando em desgaste físico, mental e cognitivo. Apesar do conhecimento dessas necessidades, muitas vezes, as pessoas inconscientemente optam por não perseguir suas metas, entregando-se à procrastinação.
Essa propensão à procrastinação é motivada pela busca inconsciente de "evitar a dor", uma tentativa do cérebro de preservar energia diante dos desafios associados às conquistas. Para contornar esse obstáculo, é vital estabelecer um propósito intrínseco, uma motivação que transcenda o prazer individual, incorporando benefícios para outros.
Pois, mesmo que os seres humanos sejam egoístas por natureza, ainda sim, quando a busca de objetivos envolve o altruísmo, a tendência à procrastinação diminui, permitindo que superemos os desafios em prol dos relacionamentos interpessoais. É o que chamamos de altruísmo egoísta, pois só nos preocupamos com os outros porque isso nos dá prazer. Se não tivéssemos prazer, não seríamos altruístas.
Para aproveitar os primeiros dias de 2024 e transformar planos em ação, é crucial seguir alguns passos. Primeiramente, defina claramente suas metas para o ano. Em seguida, fortaleça seu propósito, questionando o porquê de suas aspirações e certificando-se de que suas respostas superem a resistência mental. Por fim, estabeleça rotinas diárias para a implementação do planejamento, transformando ações em hábitos que reduzam gradativamente o desgaste cognitivo.
Desse modo, ao compreender os mecanismos cerebrais por trás da procrastinação e adotar estratégias específicas, podemos "domar" nosso cérebro, transformando-o em um aliado na jornada para alcançar nossos objetivos em 2024.
Um Abraço,
Dr. Tiago Cavalcanti Tabajara, PhD
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