top of page

Telas: Faz mal ou não?

  • Foto do escritor: Tiago Cavalcanti Tabajara
    Tiago Cavalcanti Tabajara
  • 28 de jan.
  • 8 min de leitura

Estão querendo atribuir diversos problemas de comportamento aos smartphones, tablets e TVs como se eles fossem os culpados, porém isso não é bem assim.

São inúmeras reportagens, artigos em Blogs e citações genéricas em mídias sociais demonizando o uso de telas por crianças e adultos.Dessa forma decidi escrever uma análise com o intuito de apresentar argumentos científicos para explicar o que é válido e o que não com relação ao que se tem dito sobre o assunto.


Segundo reportagem da BBC News Brasil do dia 24 março 2022, eles fazem várias afirmações tendenciosas que vou esclarecer cada uma.


Afirmação 01: O caso de um menino de 13 anos da Paraíba que, no dia 19 de março, confessou ter matado a mãe e o irmão e ferido o pai com uma arma de fogo após ser proibido de usar o celular. Resposta 01: o menino claramente apresenta problemas mentais e ele poderia ter tido esse comportamento se os pais proibissem qualquer coisa. Não é possível relacionar isso ao uso do celular


Afirmação 02: o uso de dispositivos eletrônicos diminuiu a capacidade de comunicação, de resolução de problemas e de sociabilidade de crianças até 5 anos.

Resposta 02:

Se o celular ocupar o tempo da criança impedindo que ela interaja ou sociabilize, é possível que haja um prejuízo na capacidade de conversar e lidar com as pessoas. No entanto, conforme o conteúdo que está sendo consumido nos celulares, a criança pode estar aprendendo a se relacionar de forma até mais intensa e com melhor qualidade do que durante as experiências vivenciadas ao vivo com outras pessoas. Em nosso cérebro temos um conjunto de neurônios chamados de Neurônios espelho, que nos dá a capacidade de aprender por observação e imitação e assistir uma pessoa fazendo algo pessoalmente ou em um vídeo exerce o mesmo papel, com a diferença que um vídeo pode ter vários ângulos de gravação, além de poder pausar e assistir várias vezes o que um aprendizado ao vivo não permite.


Afirmação 03:

O contato excessivo com telas mexe com o cérebro de jovens, que ainda não está suficientemente amadurecido para controlar impulsos, fazer julgamentos, manter a atenção e tomar decisões.

Resposta 03:

Sim, o cérebro nessa idade ainda não está totalmente desenvolvido e capacidade de fazer escolhas é limitada, o que não tem nada a ver com o uso de celulares. O que os pais precisam é selecionar o conteúdo que está sendo consumido, preferindo conteúdos educativos do que entretenimento como vídeos de youtubers ou desenhos animados. A capacidade de tomar decisão se adquire com conhecimento e tomada de consciência e se o uso do celular for bem direcionado, a capacidade de decisão pode até ser melhor pelo aumento de conhecimento proporcionado por um celular.


Afirmação 04:

Em uma pesquisa feita em 2019 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, se tem uma ideia da popularidade das plataformas online entre os jovens do país. O levantamento aponta que 89% da população de 9 a 17 anos está conectada, o que representa 24,3 milhões de crianças e adolescentes. Desses, 95% (ou 23 milhões) usam o celular como o principal dispositivo para acessar sites e aplicativos.

Mas os números que mais preocupam os especialistas vêm a seguir: 43% dos jovens brasileiros já testemunharam episódios de discriminação online. E as meninas são as mais impactadas por conteúdos prejudiciais: 31% foram tratadas de forma ofensiva, 27% acabaram expostas à violência e 21% acessaram materiais sobre estratégias para ficar muito magra.

Resposta 04:

Os problemas de discriminação e bullying sempre aconteceram, e vão continuar acontecendo seja presencialmente ou digitalmente. Porém hoje se tem mais pesquisas e o meio digital permite uma estatística mais apurado, dados que não eram mapeados antes da internet. Além disso, é preciso entender que esses episódios, fazem parte da vida, das interações sociais e influencia diretamente na construção da autoestima e da capacidade de lidar com a contrariedade, com a injustiça e com a crueldade existente no mundo. Ninguém consegue aprender a lidar com essas temáticas sem ter que lidar com o fato, o que as torna pessoas mais maduras e desenvolvidas emocionalmente e não tem a ver com as telas.

Com o desenvolvimento da autoestima, a pessoa passa a ter consciência de si mesma e passa a ignorar opiniões depreciativas que possam surgir. Não acessar o celular, não melhora em nada essa capacidade de lidar com esses problemas.


Afirmação 05: O exagero do uso do celular faz mal à saúde da mente e do corpo — e os efeitos podem ser ainda mais danosos nas duas primeiras décadas de vida.

Resposta 05:

Onde estão os estudos embasando essa afirmação? É claro que existem problemas como: Text Neck: A postura curvada ao olhar para o celular pode causar dores no pescoço e nas costas e Síndrome do Túnel do Carpo: Movimentos repetitivos ao digitar no celular podem levar a problemas nos dedos e pulsos, mas isso também acontecia com o uso do vídeo game e pode acontecer com um jovem tentando aprender a tocar um instrumento, no entanto ninguém demoniza essas atividades.


Afirmação 06:

Os especialistas alertam que exagerar nessa exposição às telas, ainda mais numa idade tão precoce, pode prejudicar o desenvolvimento do recém-nascido.

Resposta 06:

Desde o surgimento da TV, Crianças de todo o mundo sempre foram expostas a estímulos da TV desde cedo. Senão a tv,  bonecos, brinquedos coloridos e livros com imagens. Os pais sempre buscaram estratégias para entreter seus bebes enquanto precisam lidar com as tarefas do dia-a-dia. O celular é a ferramenta da vez.

Tomando cuidado em não deixar muito perto do rosto e não passar muitas horas em frente ao celular para não ocupar o tempo de outras atividades, não há problema.


Afirmação 07:

Uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Ceará e pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, em parceria com outras instituições, dá uma dimensão do prejuízo que o acesso aos celulares e tablets nos primeiros anos de vida pode trazer.

Os cientistas acompanharam 3.155 crianças cearenses desde o nascimento até elas completarem 5 anos de idade. Eles descobriram que, em média, 69% de todos os participantes foram expostos a um tempo excessivo de tela.

Nos primeiros 12 meses de vida, 41,7% dos recém-nascidos tiveram acesso a vídeos e outros estímulos visuais passivos além da medida, porcentagem que aumenta e bate os 85,2% quando eles chegam aos 4 e 5 anos.

O trabalho ainda apontou que cada hora de uso desses dispositivos eletrônicos diminuiu consideravelmente a capacidade de comunicação, de resolução de problemas e de sociabilidade dos pequenos.

Os autores concluem que "o excesso de exposição às telas é altamente prevalente e esteve associado de forma independente aos problemas de desenvolvimento em crianças menores de 5 anos". https://bmcpublichealth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12889-021-12136-2

Resposta 07:

A amostra foi feita somente com famílias pobres do Ceará, o que já gera viés devido ao baixo desenvolvimento pré-existente devido as condições sociais e culturais. As famílias tiveram que responder um questionário por meio de um entrevistador. 75% dos pais participantes estavam desempregados e a renda média por família era 1028 reais. Considerando que a média de QI do Brasileiro é 83 pontos, classificado como Embotamento cognitivo, e essa pontuação e está diretamente ligada a vulnerabilidade social, acredito que as respostas foram enviesadas pelo respondente devido a pouca capacidade de compreensão das questões, sem considerar o direcionamento do entrevistador que geralmente acontece e que gera enviesamento das respostas do entrevistador.A avaliação foi feita uma única vez e avaliou o resultado de desenvolvimento do questionário versus tempo de tela. Vale ressaltar que o tempo de tela também considera tempo de televisão o que nessa região predomina devido a falta de recursos para comprar celulares ou tablets.O resultado aponta que se a criança usar o tempo com telas que usaria para atividades manuais teria o desenvolvimento reduzido. E isso é óbvio, visto que aconteceria o mesmo se a criança usar esse tempo para qualquer outra coisa que ocupe o lugar das telas, inclusive atividades recreativas.


Afirmação 08:

Com o córtex pré-frontal ainda imaturo nessa faixa etária, ficamos mais propensos a buscar o prazer sem pensar em todas as consequências", complementa o psiquiatra. Agora, imagine o que acontece quando esse cérebro em formação é exposto a um turbilhão de estímulos prazerosos, disponíveis facilmente em qualquer plataforma online.

Resposta 08:

O ser humano está sempre buscando prazer em tudo o que faz e em todas as idades. Quando adolescente a busca tende a ser maior. No entanto o celular pode aumentar a quantidade de experiências prazeirosas e também pode aumentar a compreensão sobre vícios e sobre o desenvolvimento cognitivo, dependendo de como ele é usado. Um adolescente pode aprender a ser hedônico sem ter acesso a telas, simplesmente por ter suas vontades atendidas pelos pais ou por não prender a lidar com a frustração de não ter o que deseja o tempo todo. O adolescente precisa de apoio para lidar com a possibilidade vícios e com a frustração e isso não não tem a ver com telas.


Afirmação 09:

A luz emitida pelas telas inibe a produção da melatonina, um hormônio essencial para a indução do sono", exemplifica Eisenstein.

Resposta 09:

A melatonina é produzida em diferentes horários conforme o cronotipo de cada pessoa.Dessa forma, pesquisadores da Universidade da Basileia, na Suíça, descobriram que a luz não faz tanta diferença assim. Segundo os cientistas, o olho é sensível a luz azul, mas não é suficiente para atrapalhar o sono. A pesquisa foi publicada na revista científica Sleep, do grupo Oxford Academic. A luz utilizada, no experimento era  mais forte do que anormal, e deveria ter efeito na melatonina, o que de fato diminuiu os níveis do hormônio em 14%, no entanto, não foi detectada nenhuma diferença na qualidade do sono dos participantes. “Provavelmente, a melatonina e o sono não são tão ligadas como pensamos”, explica a cientista Christine Blume, uma das autoras do estudo, em entrevista à Revista New Scientist https://www.newscientist.com/article/2336627-some-doses-of-blue-light-from-screens-may-not-affect-your-sleep/


Afirmação 10:

O excesso de telas pode levar à inatividade física, que está relacionada com sobrepeso e obesidade. Na direção oposta, o acesso a conteúdos sobre emagrecimento e a busca de um corpo idealizado aumenta o risco de transtornos alimentares.

Resposta 10:

Seja adolescente ou adulto, se a pessoa não se alimentar bem e fizer atividade física, desenvolverá sobrepeso e isso não tem nada a ver com as telas. As pessoas podem gastar o seu tempo com várias coisas que roubam o tempo dos exercícios.


Afirmação 11:

Fora a maior frequência de problemas auditivos, pelo uso de fones de ouvido num volume alto, e de visão, pela falta de vivência em espaços abertos, que estimulam uma visão de longo alcance", lista a pediatra.

Resposta 11:

Escutar música alto, já era algo que as pessoa faziam desde a invenção do Walkman da década de 80, ou seja, não tem a ver com o celular de hoje e isso pode ser regulado no aparelho para limitar o volume. Sobre o problema de visão citado ele pode acontecer com qualquer pessoa, principalmente um trabalhador que usa o computador para fazer o seu trabalho. Ou seja, o excesso de exposição é decorrente do estilo de vida da sociedade moderna, ao mesmo tempo, pessoas que leem muito livros físicos, também podem apresentar fadiga visual e desenvolver o mesmo problemas de visão de longo alcance. No entanto esse problema é temporário e pode ser reversível com descanso e pausas adequadas.


Dessa forma, sugiro que não aceitemos qualquer afirmação, mesmo vinda de pessoas apresentadas como autoridades ou por veículos de mídia considerados sérios. Questionem e busquem fontes científicas, porque não importa se quem diz algo é um Doutor ou uma pessoa comum, se tiver base científica com artigo citado, o que vale é a verdade. #telas #smatphones #brainrot #neurociência Abraço, Dr. Tiago Cavalcanti Tabajara, PhD

 
 
 

Comments

Couldn’t Load Comments
It looks like there was a technical problem. Try reconnecting or refreshing the page.
Logo Infinity

INFINITY NEUROBUSINESS SCHOOL


Gerando  transformação em nossos alunos desde 2012.
Av Praia de Belas, 1212 - Sala 717 Sul
Bairro Praia de Belas - CEP: 90110-000
Porto Alegre /RS / Brasil

selo-reclameaqui
  • Ícone do Facebook Branco
  • Ícone do Youtube Branco
  • Ícone do Instagram Branco
  • Ícone do Linkedin Branco

©2024 by Infinity Neurobusiness School

bottom of page